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Velório de Niède Guidon será aberto ao público às 15h; programação de aniversário do Parque é suspenso

O velório terá início às 15h no Museu, que por muitos anos foi sua morada. 

Portal SRN
Por: Portal SRN
04/06/2025 às 15h20 Atualizada em 04/06/2025 às 20h42
Velório de Niède Guidon será aberto ao público às 15h; programação de aniversário do Parque é suspenso
Imagem: Yala Sena/Cidadeverde.com

No dia em que o Parque Nacional Serra da Capivara completa 46 anos de criação, uma coincidência carregada de simbolismo marca a despedida de sua principal defensora. A arqueóloga Niède Guidon, responsável por revolucionar os estudos sobre a ocupação humana nas Américas e idealizadora do parque, será sepultada nesta quinta-feira (5), às 9h, no jardim de sua residência, localizada a poucos metros do Museu do Homem Americano e da sede da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham).

O velório terá início às 15h desta quarta-feira (4), no próprio Museu do Homem Americano, onde Niède viveu por muitos anos e dedicou grande parte de sua vida à preservação e valorização do patrimônio arqueológico brasileiro. O espaço está temporariamente fechado ao público e vem sendo preparado para receber familiares, amigos, admiradores e autoridades. Estruturas com tendas e cadeiras foram instaladas para garantir conforto aos presentes na última homenagem à pesquisadora.

Em virtude do falecimento, as comemorações programadas para o aniversário do Parque Nacional foram oficialmente adiadas. Em nota, a administração do parque informou que a decisão foi tomada como forma de respeito e reconhecimento ao legado de Niède. “Sua partida deixa um vazio imenso, mas seu legado continuará a nos guiar. Em breve, divulgaremos uma nova data, com homenagem à altura de sua contribuição”, diz o comunicado.

Niède Guidon faleceu nesta quarta-feira (4), deixando um legado imensurável para a ciência, a cultura e o meio ambiente no Brasil. A pesquisadora será lembrada não apenas por suas descobertas científicas, mas por sua incansável luta pela preservação da Caatinga e dos sítios arqueológicos que ajudaram a reescrever a história da presença humana nas Américas.

Quem foi Niède Guidon

Niède Guidon foi uma das mais importantes arqueólogas da história brasileira e mundial. Ela realizou pesquisas arqueológicas no Piauí, sendo responsável pela descoberta de mais de 1.200 sítios pré-históricos e vestígios dos primeiros habitantes humanos do continente. Grande parte dessas descobertas ocorreu em escavações realizadas em abrigos rochosos naturais com pinturas rupestres, no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí — área declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1991. Desses sítios, mais de 600 contêm pinturas rupestres.

A teoria de Guidon sobre a chegada do homem às Américas rompeu com o consenso científico tradicional da arqueologia, amplamente dominado por pesquisadores norte-americanos, que defendem que os primeiros seres humanos teriam chegado ao continente há cerca de 14 mil anos, vindos da Ásia, atravessando o Estreito de Bering (entre a Sibéria e o Alasca) e migrando em direção ao sul.

Com base nas escavações no Piauí e nas datações realizadas na Serra da Capivara, Guidon propôs uma hipótese alternativa: os primeiros humanos teriam chegado às Américas vindos da África, há muito mais tempo do que se supunha. Segundo artigo publicado por ela em 2008, na revista da FAPESP, o material arqueológico resgatado até o início dos anos 2000 indicaria que o homem teria chegado à região há cerca de 100 mil anos.

Niède Guidon atuou por cinco décadas na região, sendo a principal responsável pela estruturação científica e institucional do parque. Foi fundadora e diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e nomeada como presidenta emérita da instituição.

Em reconhecimento à sua contribuição científica e cultural, Niède foi agraciada com diversos títulos e homenagens. Em 2018, recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). Também foi homenageada pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) com o mesmo título — o mais importante concedido por uma universidade a personalidades que se destacam por sua contribuição à ciência, à cultura ou à humanidade.

Em 2024, Niède Guidon foi vencedora do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia — uma das maiores honrarias da pesquisa científica no Brasil — concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), em parceria com a Marinha do Brasil.

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