Conhecido por falas incisivas e de reflexão, o novo corregedor do Tribunal de Justiça do Piauí, desembargador Erivan Lopes, afirmou nesta segunda-feira (20) que o tribunal está com estrutura, servidores qualificados e tecnologia de excelência, no entanto, deficitário na produtividade. Ele garantiu ainda que irá cobrar o julgamento das ações e comparou a justiça a um fusca.
“Não se pode mais permitir, com o quadro de servidores que temos e o parque tecnológico, que é uma Ferrari, e a justiça do Piauí continue sendo um fusca”, disse o corregedor durante discurso na abertura do Ano Judiciário.
Erivan Lopes, que já foi presidente do TJ, lembrou de um episódio quando o ministro do STF, Gilmar Mendes, visitou um prédio do tribunal e encontrou “uma pedra escorando a porta de um juiz”. Ele ressaltou que na época os processos eram físicos e demorava o julgamento à espera de carimbo.
O corregedor disse que o TJ vive, atualmente, uma nova era com tecnologia e infraestrutura, mas que precisa melhorar a produtividade com julgamentos mais rápidos e atendimento mais próximo a população.
“Quando você amplia as portas de entrada dos processos, você está oferecendo, não acesso à justiça, está oferecendo direito amplo de jurisdição, a entrega da sentença, a execução da decisão, o cumprimento da decisão judicial. O crime contra a infância não pode ficar 10 dias, 20 dias, 100 dias, 500 dias sem execução judicial. Justiça que tarda, não é mais justiça. O que vou dizer aqui é que nos temos, nos magistrados, servidores do TJ temos que fazer valer o que estado está nos oferecendo. Vou repetir: temos estrutura física, rede de computadores, acesso amplo, processo eletrônico, qualificação, então nos estamos em dívida com o jurisdicionado e eu como corregedor vou atuar na cobrança disso”, disse Erivan Lopes.
Durante discurso, Erivan Lopes destacou que antes era defensor feroz da presença do juiz na comarca, mas que mudou de ideia, já que isso não resulta em agilidade de julgamentos.
“Com a tecnologia, o juiz pode julgar de onde estiver, se ele estiver em Singapura ou em Teresina, o que interessa é oferecer aquilo que a Constituição Federal determina, jurisdição”, disse.
Ele afirmou que é hora da justiça cumprir sua missão elementar que é o direito amplo a jurisdição.
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